No século XIV o mundo enfrentou uma das mais devastadoras doenças, a pandemia de Peste Bubônica, igualmente conhecida por Peste Negra, devido às feridas de tom escuro causadas pela propagação da infecção.
O vetor da patologia Yersinia Pestis é uma espécie de bactéria que possui como hospedeiro pulgas alojadas em roedores. Estima-se que entre 50 a 200 milhões de vidas foram dizimadas em toda a Europa e Ásia, quase 60% da população mundial.
Um novo estudo desenvolvido pela National Academy of Sciences EUA apontam novas descobertas acerca da disseminação acelerada da doença durante a Idade Média. Os dados podem ser importantes para lidar com a pandemia atual.
Breve cronologia de disseminação da Peste Negra
Pesquisas mais recentes apontam que a aparição da Peste Negra na Europa se deu na região portuária de Kafka, na Crimeia por volta do ano de 1347. Na época a cidade sofreu ataques do exército Mongol que catapultou sobre os seus muros cadáveres infectados com a doença.
Após esse acontecimento a Peste Negra foi levada pelos genoveses evadidos do local. Ela se espalhou rapidamente pela Sicília e depois por toda a Itália. Da ilha, a doença correu para países como França, Espanha, Portugal e Inglaterra. Mais tarde, em 1351 chegou à Rússia e continuou se espalhando vertiginosamente.
Rotas de comércio entre Europa e Ásia, tal como a famosa Rota da Seda em que as caravanas marítimas transportavam os tecidos, facilitaram a sua imersão no Oriente, principalmente em decorrência das péssimas condições das embarcações que levavam em seu interior milhares de roedores infectados.
Novo estudo revela velocidade da Peste Negra
Diversos estudos já foram desenvolvidos por cientistas e historiadores do mundo buscando compreender o porquê da acelerada difusão da Yersinia Pestis. Nesta segunda-feira (19), a Proceedings of the National Academy of Sciences of the USA divulgou novos dados reveladores sobre o fato.
A revista científica adotou como método de pesquisa o que ficou conhecido na Idade Média como testamentos. Nestes documentos, as prováveis vítimas da doença escreviam os seus testamentos porque aguardavam a morte breve. Para David Earn, um dos principais autores da pesquisa, essa ação provavelmente disseminava o medo.
Os dados concluintes do estudo indicam que a doença progredia em número de infectados de forma significante a cada 43 dias, em contrapartida no século XVII esse número reduziu-se para somente 11 dias.
Lições para a pandemia de Covid-19
Dos dados apontados pelo estudo norte-americano no que concerne à velocidade da Peste Negra por todo o globo terrestre, há que se considerar dois pontos importantes:
- As trocas comerciais entre nações;
- O crescimento populacional.
Tal como a Rota da Seda foi um dia o grande norte para a propagação da bactéria Yersinia Pestis, no quesito trocas comerciais, as relações de intercâmbio prosseguem sendo grandes possíveis disseminadores de doenças por entre povos, sobretudo no mundo globalizado.
O crescimento da população e essa troca cultural parece influenciar ainda mais para que epidemias alastrem os continentes. A pandemia de Covid-19 revelou que grandes aglomerações é uma variável que contribui para o aumento do contágio.