História: médico condenado por insistir na lavagem das mãos entre procedimentos

Seria absurdo um ser humano em pleno século XXI questionar a lavagem de mãos como meio eficaz para prevenção e disseminação de doenças. No entanto, no início do século XIX um médico de origem austríaco foi condenado por tentar introduzir o hábito em hospitais.

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O seu nome é Ignaz Semmelweis (1818-1865) hoje mundialmente reconhecido como o pioneiro na adoção do método de assepsia. Em 1840 quando sem ter conhecimento sobre micro-organismos tentou demonstrar que a mortalidade de pacientes reduzia com a prática da lavagem das mãos foi fortemente criticado pela comunidade científica.

Em plena Europa ativa entre dois conflitos globais, hospitais estavam sendo erguidos para atender as demandas. Conforme explicam os historiadores, esses ambientes eram verdadeiros habitats de propagação de doenças, não havia preocupação com limpeza e os pacientes ficavam alojados entre lençóis sujos e forte odor de urina e fezes.

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História: médico condenado por insistir na lavagem das mãos entre procedimentos
Fonte: (Reprodução/Internet)

O ‘fedor tradicional’ de um médico na Europa do século XIX

Se os hospitais não tinham boa aparência em termos de limpeza e organização em plena a Europa moderna do século XIX, igualmente eram os profissionais médicos que atuavam atendendo os pacientes. Uma espécie de ‘fedor tradicional’ lhes eram atribuídos.

Os corpos já sem vida deixavam marcas nos locais onde novos pacientes eram alocados, sem a devida higiene. As salas de cirurgias não escapavam ao descaso da insalubridade, muitas vezes havia serragem no chão das mesmas com o intuito de absorver o sangue deixado pelos infectados.

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Mas, na década de 1840 um médico tentou mudar esse cenário, já que trabalhando no hospital geral de Viena, havia notado que havia altas taxas de mortalidade entre parturientes, no se que denomina febre puerperal. Após uma longa investigação Ignaz Semmelweis chegou à conclusão da lavagem das mãos como fator decisivo para a redução das mortes entre as mulheres.

Como Ignaz Semmelweis chegou a esse dado?

Na época em questão a ciência ainda não estava inteirada quanto à existência de micro-organismos, na verdade sabia-se que existia ‘algo além’, mas não como esse algo interagia diretamente com a saúde humana. Por isso, as premissas de Semmelweis  para chegar no fator higiene partiram de observações do ambiente.

Primeiramente, o médico notou que entre as duas salas de maternidade do hospital, onde grande parte das mulheres estavam tendo problemas pós-parto eram completamente diferentes. Em uma delas os partos eram realizados por parteiras, enquanto a outra por estudantes de medicina (sexo masculino).

As mortes das mulheres por febre puerperal em larga escala eram encarados como decorrentes do tratamento dado durante o parto. Como os homens tratavam com mais ‘rispidez’ as grávidas que as parteiras, então era comum que as primeiras desenvolvessem a doença a curto prazo. Esse era o argumento. Semmelweis discordava.

“Contaminação cadavérica”

Em 1847, após muitas hipóteses Semmelweis chegou a conexão entre contaminação de médicos por cadáveres, o que fazia com que a doença se propagasse para outros pacientes. Ele propôs que os médicos carregavam em suas mãos partículas dos cadáveres após autópsia e as retransmitiam durante os procedimentos.

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Fonte: (Reprodução/Internet)

As parteiras que não realizavam autópsia então estavam livres dessa contaminação, e, por isso a menor taxa de mortalidade entre as suas gestantes. Com essa constatação, Semmelweis passou a tentar empregar o uso de uma solução de hipoclorito de cálcio entre as consultas. Ele achava que além de melhorar o odor insuportável do hospital, também poderia eliminar os germes.

Os resultados e o fim esquecido de Ignaz Semmelweis

Com essa atividade diária, o número de mortos caiu significativamente e o uso da solução foi ampliada para materiais médicos. Contudo, a novidade era tida com descrença pelos outros médicos pois não apresentava ‘provas científicas’ e foi rechaçada.

História: médico condenado por insistir na lavagem das mãos entre procedimentos
Fonte: (Reprodução/Internet)

A falta de reconhecimento por sua descoberta a longo prazo despertou um quadro de depressão em Semmelweis e ele foi internado em um manicômio contra a sua vontade e morreu aos 47 anos por uma gangrena nas mãos que não foi tratada.

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