Coronavac: entenda a vacina do Butantan em 5 perguntas e respostas

Na última quinta-feira (07) o Brasil e o mundo amanheceram com a notícia de que o Instituto Butantan iniciou a fabricação do imunizante Coronavac, que é fruto de uma parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac.

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O diretor do Butantan, Dimas Covas, aponta o feito com entusiasmo, já que é a primeira vez que o país produz uma vacina contra a Covid-19. A meta para o centro de pesquisa é a entrega de cerca de 40 a 46 milhões de doses ainda em janeiro que irão ser administradas no estado de São Paulo.

Ainda no mesmo dia, o Ministério da Saúde anunciou o contrato com o Instituto para o fornecimento de 100 milhões de doses da Coronavac. Com a iminência das fases de vacinação podem surgir dúvidas sobre o imunizante, por isso nossa equipe realizou esta matéria com 5 perguntas e 5 respostas.

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Fonte: (Reprodução/Internet)

O que apontam os estudos em relação à Coronavac?

Quase dois meses após a declaração de pandemia pela OMS, a farmacêutica Sinovac iniciou os seus estudos da vacina. As primeiras fases foram dedicadas para registros de eficácia e segurança da mesma.

Nestas fases participaram voluntários de idade entre 18 e 49 anos, um total de 743 pessoas. Ao final da investigação os dois primeiros critérios atenderam às expectativas, ou seja, a vacina apresentou resultados de eficácia imunológica e de confiança.

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Em agosto os dados das pesquisas foram divulgados na revista científica The Lancet. Na edição, evidenciou-se que foram empregadas duas dosagens nos testes do imunizante, uma maior e outra menor, que ao final se concluiu pela menor dose como a mais eficaz.

Dos voluntários, 97% desenvolveram respostas imunológicas, isto quer dizer que a vacina mobilizou a produção de anticorpos no organismo dos indivíduos. Esses anticorpos foram verificados em ação após 28 dias depois da segunda fase de administração.

Quando concluiu-se as duas doses, pôde-se afirmar que o imunizante não apresentou efeitos colaterais graves, enquanto as taxas de efeitos adversos ficaram entre 13% e 38%, sendo que esses foram em sua maioria de expressão leve.

Mas de fato a Coronavac tem resposta contra a Covid-19?

Ainda que a geração de resposta imune e segurança sejam dados importantes para o prosseguimento da pesquisa de um imunizante, o que faz uma vacina ser de fato aprovada é o seu grau de eficácia contra o patógeno.

Esse critério foi testado na fase três dos estudos da Coronavac. Para chegar a essa conclusão, Brasil, China, Turquia e Indonésia estão realizando testes. Em terras brasileiras o Instituto Butantan é o responsável por mobilizar profissionais e voluntários com esse intuito.

São divididos grupos de voluntários, em que um recebe doses do imunizante e outro recebe placebo. Essa verificação é realizada completamente às cegas, porque ninguém sabe de fato quem recebe a vacina ou a preparação neutra (placebo).

Coronavac: entenda a vacina do Butantan em 5 perguntas e respostas
Fonte: (Reprodução/internet)

Quando o estudo alcançou sua estimativa de tempo, os cientistas analisaram os voluntários que contraíram doenças após a administração da vacina para testar então a eficácia da mesma.

Para confirmar a eficácia é necessário seguir um protocolo que aponta pelo menos 60 até 150 casos de infecção pelo coronavírus confirmadas entre os participantes do estudo. Assim, é necessário que voluntários já tenham sido expostos ao vírus da Covid-19.

Essa meta foi atingida no final de novembro quando se registrou 74 casos de infecção. Após o dado, pode-se prosseguir para saber quem de fato foram os doentes infectados que desenvolveram a doença, isto quer dizer, os vacinados ou os que receberam o placebo.

O Butantan ofereceu essa resposta nos últimos dias, quando o mundo soube se dos 74 casos a maioria foram do grupo placebo, ou dos vacinados, para então comprovar a eficácia da Coronavac.

Em termos de eficácia, qual o mínimo para ser aprovada?

Para que uma vacina seja aprovada deve ter mínimo 70% de eficácia, conforme exigem os protocolos. Quando atinge esse número um imunizante é capaz de provocar respostas imunes em sete de cada dez indivíduos.

Covas chegou a afirmar que se alcançasse 50% de eficácia solicitaria o registro, e que o mesmo pode ser acatado pela Anvisa nas condições atuais de emergência. Talvez essa não seja a estimativa relevante para alcançar a denominada ‘imunidade de rebanho’.

Pode-se falar em vantagens e desvantagens da Coronavac?

Sim, a principal vantagem da Coronavac é que ela é um imunizante produzido nos padrões tradicionais, que diz respeito ao método empregado há mais de 70 anos, concebido por vírus inativados.

Dessa forma, diferente das vacinas da Pfizer e Moderna, a vacina do Butantan e da Sinovac não tem nada de inovador, o que pode ser uma fonte de confiança para a população.

Por outro lado, a desvantagem se encontra nos valores monetários que devem ser despendidos para o cultivo de enormes quantidades de cepas de vírus em laboratórios, por fim inativados.

Como funciona com detalhes a Coronavac?

Compreender o funcionamento de um imunizante no organismo humano é fundamental para perceber como somos uma sociedade avançada e de sobra para se dar conta de que o sistema imunológico é fantástico em sua resposta.

A vacina produzida pela Sinovac e Butantan que deve ser usada além de Brasil e China também na Indonésia, Turquia e Chile é produzida por meio de vírus cultivados em laboratório.

Essas populações de vírus são expostas a condições de radiação e calor entre outros meios que os tornam incapazes de se replicar, em outras palavras, os vírus não podem se reproduzir no organismo e por isso são denominados inativados.

Coronavac: entenda a vacina do Butantan em 5 perguntas e respostas

Essa base de vírus modificados são acrescidos a outro composto que irá auxiliar na hora de alertar as células do sistema imunológico humanos para iniciar uma resposta. Assim está sendo produzida a vacina.

Aplicada a vacina, no organismo humano existem inúmeras células responsáveis por desencadear respostas contra invasores. São exemplos os Basófilos, Macrofágos, Linfóctios T, Mastócitos, Neutŕofilos, entre outros.

Na metáfora da guerra é como se um estrangeiro com más intenções invadisse um território e as células imunitárias fossem os soldados de prontidão para impedir os objetivos inimigos.

Quando as células soldados agem e derrotam os vírus inimigos por meio da criação de anticorpos, derrotando-os, o grupo dos Linfócitos T criam mecanismos de memória que serão capazes de facilmente eliminar os inimigos caso eles tentem nova invasão.

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