Estudo em galinhas aponta dados importantes sobre a imunidade humana

Um estudo sobre o traseiro de galinhas feito por Bruce Glick, foi ignorado por anos, até se tornar uma dos artigos principais para a compreensão da produção de anticorpos em seres humanos. 

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O cientista avícola era fissurado por frangos, mais precisamente no órgão traseiro deles, localizado na cloaca. O órgão que Bruce estava fissurado funcionava como o fim do aparelho digestivo, e também, como meio de reprodução das aves.

O interesse começou em 1952, em uma tarde de outono, quando o cientista fazia seu doutorado na Universidade de Ohio, nos Estados Unidos. Glick procurava seu professor para fazer perguntas sobre uma glândula que havia retirado de um ganso. 

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Estudo em galinhas aponta dados importantes sobre a imunidade humana
Fonte: (Reprodução/Internet)

Glândula de galinhas é mistério para teóricos  

O nome da glândula que Glick tinha retirado era “bursa de Fabricius”, e a sua descendência era de um órgão feminino no qual o galo liberava o seu sêmen. No entanto, William Harvey, aluno de Glick, observou que o órgão estava em ambos gêneros. 

Depois de algum tempo de pesquisa, o cientista pegou como base seus rasos estudos que havia feito e descobriu que o órgão que estava presente em ambos gêneros. Concluindo que a peça tinha alguma função no desenvolvimento. 

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Na tentativa de comprovar a finalidade do órgão, Glick retirou cirurgicamente a peça de dezenas de ninhadas, mas não conseguiu identificar nenhum tipo de alteração de acordo com que os mesmos cresciam. Portanto, a função da bursa de Fabricius continuou sendo um mistério. 

Bursa de Fabricius pode salvar humanos da salmonela 

Sem rumo, o cientista doou todos os seus frangos sem as bursas de Fabricius para a Universidade. Com isso, um aluno chamado Tony Chang, precisava de frangos para mostrar como os mesmos produziam anticorpos contra a salmonela, e então pegou os animais de Glick. 

Para a surpresa de Chang, os frangos que não possuíam a bursa de Fabricius, não produziam anticorpos contra a salmonela. A partir disso, o estudante descobriu que a glândula tinha o objetivo de produzir anticorpos contra tal infecção. 

Logo, Glick e Tony Chang se juntaram para escrever um artigo no intuito de divulgar a nova descoberta. Após escreverem o texto, os mesmos o enviaram para a revista científica Science, mas a pesquisa foi rejeitada pela agência. 

Embora rejeitado pela Science, a dupla revisou o trabalho novamente e enviou à Poultry Science, que o publicou em 1955. O texto permaneceu por anos até se tornar uns dos artigos mais relevantes da história sobre imunologia. 

Sistema imunológico das galinhas não depende só de um órgão

No início da década de 1960, os cientistas já tinham a cognição de que certos tipos de glóbulos brancos produziam células plasmáticas, e que as mesmas produziam anticorpos que combatem diversos tipos de vírus. 

No entanto, ainda é incerto como o corpo humano conseguia reconhecer, atacar e lembrar de invasores estranhos. A partir disso, uma equipe de pesquisadores da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos fizeram um estudo baseado no artigo de Glick. 

A equipe passou o estudo  a um médico que realizava experimentos parecidos com os de Glick fazia para confirmar uma descoberta feita em 1961. A descoberta apontava que os linfócitos eram derivados do timo. 

O médico que realizou a pesquisa naquela época, mais conhecido como Robert Good, não conseguiu concluir seu estudo envolvendo a remoção do timo de coelhos. Após a cirurgia, o mesmo não notou nenhuma mudança significativa. 

A partir disso, o artigo fez com que Good e sua equipe de pesquisadores pensassem em outra possibilidade. Concluindo que , talvez o sistema imunológico não dependesse somente de um órgão e, sim, de dois. 

Conclusão do estudo 

Juntamente ao pesquisador Good, o pediatra Max Cooper também estudava sobre a teoria de Glick. A partir disso, Cooper retirou o timo de alguns pintinhos, e a bursa de Fabricius de outros. 

Com isso, Max Cooper descobriu que os pintinhos que não possuíam a bursa de Fabricius, não produziam anticorpos. Já aqueles que tiveram seu timo retirado, produziam níveis de proteína reduzido. 

Assim, concluíram que cada órgão produz um tipo diferente de glóbulo branco, que agiam juntos para lutar contra a infecção. No entanto, os seres humanos não possuem bursa de Fabricius, mas possuem dois tipos de linfócitos.

Todos os linfócitos são gerados na medula óssea, mas enquanto as células T se desenvolvem e se divergem no timo, as células B se desenvolvem e se diferenciam na bursa de Fabricius (no caso das aves) e na própria medula óssea (tratando-se de seres humanos).

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