A partir de uma pesquisa do Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão de Processos Redox em Biomedicina (Cepid Redoxoma), sediado no Instituto de Química (IQ) da USP, foi descoberto que ligações entre proteínas podem estar associadas à ocorrência da catarata.
Essas ligações surgem devido à oxidação das proteínas do cristalino, “lente” do olho. A catarata é uma lesão ocular, que acomete o cristalino, tornando-o opaco e deixando a visão embaçada.
Com isso, considera-se nessa descoberta uma contribuição para que seja desenvolvido antioxidantes que previnem ou retardam, futuramente, o aparecimento de problemas óticos.
Fenômeno entre as proteínas interfere em várias doenças
A ligação entre duas proteínas ou mais é um fator que resulta no aparecimento de várias doenças como as degenerativas e a aterosclerose. Para o análise do ligamento, foi examinado os cristalinos de três pacientes com catarata nuclear avançada.
O procedimento foi feito por professores do Departamento de Cirurgia de Catarata do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP. A professora Amaryllis Avakian relatou em entrevista ao Jornal USP que os cristalinos foram homogeneizados, separados em proteínas solúveis e insolúveis, em seguida, cada fração foi estudada pelo processo de eletroforese.
“O objetivo do trabalho é examinar a presença dos tipos de ligações cruzadas, como ligações triptofano-triptofano e triptofano-tirosina. Elas só tinham sido detectadas recentemente e somente em proteínas oxidadas em condições de laboratório, e nunca tinham sido identificados em amostras biológicas”, afirma Ohara Augusto, do IQ, coordenadora da pesquisa.
Antioxidantes podem prevenir ou retardar a dano
A professora Ohara Augusto destacou que o uso de antioxidantes como glutationa reduzida, ácido ascórbico e nitróxidos podem contribuir tanto para a prevenção ou retardamento da catarata quanto para estabelecer o mecanismo patogênico da doença.
Conforme a equipe da Cepid Redoxoma, proteínas que formam o cristalino humano permanecem as mesmas durante toda a vida e estão sujeitas a inúmeras modificações oxidativas. Porém, ainda não se sabe quais delas são mais importantes para levar à opacidade do cristalino, ou seja, à ocorrência de catarata.
“Uma hipótese para explicar se existe essa relação é o fato de o triptofano ser muito sensível à luz solar, favorecendo a oxidação e o aparecimento de ligações cruzadas, e sabe-se que a radiação do sol influencia muito o desenvolvimento de catarata relacionada à idade” completou Ohara.